Nas últimas semanas se tornou possível e fácil encontrar a atriz Débora Falabella dando um rolê na Galeria Piaçaguera; ver a Taís Araújo escolhendo um coturno na Kallam, junto com a Leandra Leal e o Lima Duarte, também pode ser visto na feira de quinta, na avenida Nações Unidas, comendo um pastel, enquanto o Lázaro passava no PAT, talvez, procurando uma vaga de soldador na Refinaria. Exageros e mentiras à parte é fato que a produção da série “Aruanas” aqui na cidade de Cubatão tem mexido com o imaginário do nosso povo.
Na cidade, que por anos carregou o estigma de não possuir um cinema, até que a então prefeita Márcia Rosa firmou contrato com o Cine Roxy e plantou uma sala no parque Anilinas, (com a falência da empresa, voltaremos a ser novamente “a cidade sem cinema”), a mesma cidade que amargou a triste história do Teatro Municipal, que ao fechar das cortinas se tornou um equipamento de saúde – podia ser pior, podia ter virado igreja – pois, esta cidade já sonhou em uma noite abafada de verão, se tornar um polo para produção de filmes, ao exemplo de Paulínia, cidade irmã e com as mesmas características, das quais se destacam: a riqueza e a população maltratada.
E com esse louvável propósito, a rainha vermelha, decretou no ano de 2011 a instituição da Comissão Especial Cubatão Film Commission e prometeu outras providências. Mas não teve jeito e Titânia acordou… e descobriu estar enamorada de um burro! E os burros, mais uma vez, deram n’água.
A experiência vivida em Paulínia é considerada por muitos, como um fracasso anunciado – eu acredito que tal julgamento é similar ao que fazem quando um casal termina uma relação de muitos anos e vaticinam: “É. Não deu certo”!
Claro que deu certo! Deu certo no período em que o romance e a química entre o casal, produziu bons resultados, adrenalina e arrepios na alma! Assim, também foi em Paulínia – a Hollywood caipira, lá, realizou-se coisas grandes. O Festival de cinema da cidade sempre foi um sucesso de público; em seu auge, registrou-se a produção de quatro filmes, o projeto era ambicioso e poderia ter tido vida mais longa, mas infelizmente, a política… A velha política, somada aos obtusos que ocupam as cadeiras de alcaide, desgraçaram o plano e a o polo de cinema é hoje, somente uma lembrança que deve doer na alma dos cidadão de Paulínia, assim como dói em nós, cubatenses, ver o prédio do nosso teatro ser subutilizado para dar lugar a clinicas que melhor poderiam ocupar outros espaços. Mas, está lá o teatro, como usasse um disfarce tosco numa produção “B”.
Agora, que estamos chegando ao final, imaginem uma grande “virada”. Imaginem se essas cabecinhas sem luz que administram nossa cidade pensassem de forma mais ousada… é pedir muito? E criassem um polo de cinema, pensado para usar a mão-de-obra local de atores, técnicos e outros trabalhadores da cultura, idealizado com o cuidado de formar e capacitar pessoas para essa indústria, planejado para aquecer o comércio local e desenvolver o setor hoteleiro e especialmente aumentar a estima da população. Grava essa sequência!
Prepara a pipoca e desejemos um happy ending!
Natanael
23 de Jun 2021 - 00h19
Verdade, temos lugares de grande potencial pra filmagens. Com a realização do projeto citado, os que viessem de fora veriam que a viciada dos anos 70 não existe mais, apesar de aviltada. O futuro seria mais luminoso. Quem sabe, o orgulho de ser cubatense fosse fortalecido.