Cubatão – é um grande celeiro de artistas, vide o documentário do Diego Moura, disponível no YouTube, (https://youtu.be/uBk9t-w3EIs), que tem essa afirmação em seu título.
Celeiro no sentido literal é uma construção, um armazém para, por exemplo: a guarda de grãos. Mas de forma figurativa, significa fartura. Então, Cubatão é esse celeiro abundante de artistas e mais adiante, faremos a citação de alguns deles.
Ocorre que esta cidade é também, um retrato 3 x 4 do Brasil. Um microcosmo que reproduz o macro num discurso “ipsis litteris”, de vergonha e frustração. Nessa condição de pequeno espelho, não valoriza seus artistas, e, assim como o Brasil, Cubatão não lê, não vai ao teatro, não consome a boa música que os nossos corpos artísticos produzem, não dança o “Passo de dois”, não frequenta o hip-hop… Até porque não tem equipamentos para isso.
Vamos tocar numa ferida que ainda dói.
O teatro municipal, elefante branco de triste memória, acabou sendo incorporado ao hospital e doado para Ipatinga. O outro, que foi prometido para o Parque Anilinas, sucumbe às administrações desastrosas, desrespeitosas e ineficientes. Governos broncos de gestores trogloditas. Piores! Os homens das cavernas ao menos nos deixaram seus feitos gravados nas cavernas, os daqui, não terão nada para mostrar, somente suas vergonhas.
Voltando ao assunto, à vaca-fria ou aos cordeiros que pastam gentis na pouca grama disponível, os brasileiros segundo uma pesquisa do SESC e Fundação Perseu Abramo, mostram resultados bem significativos, por exemplo: seis pessoas em dez, nunca leram um livro; 54% dos telespectadores da TV aberta, preferem as novelas e os filmes estrangeiros/americanos. A música sertaneja agrada a 40% dos pesquisados e 58% nunca foram ao teatro.
Cubatão não conhece Cuipataã
“O Brasil nunca foi ao Brasil” Assim cantou Elis Regina, eu assino embaixo e por aqui, complemento que “a Rainha das Serras” não conhece, nem reconhece seus verdadeiros artistas. Vocês não sabem quem é Magnólia. Lourimar Vieira sabe, perguntem para ele. Não leram, CBA – Cia brasileira de Alquimia, do Manoel Herzog. Não conhecem o Rinascita, nem a roda de capoeiras dos Menino Guerreiros. Jamais brincou na quadra da “Nações Unidas” ou de qualquer outra escola de samba. Nunca assistiu aos Saraus da Dalva e da turma de poetas da Biblioteca municipal. Também porque os artistas não fizeram o que Milton falou e foram até onde o povo está.
Como provocar esse encontro?
Somente quando houver políticas públicas para a circulação, iniciativas; como festivais, encontros de artistas, promoção de eventos nas periferias e a criação de espaços de cultura em toda a cidade, difusão de arte nas escolas… São iniciativas simples que fariam a ponte entre público e artistas. E finalmente, eu poderia conhecer você e lhe mostrar minha canção presa na garganta, encenar a sua, a minha história, ensinar meu passo de dança, escrever sua luta, pintar sua dor… enfim, libertar nossa arte presa.
Lourimar Vieira
23 de Abr 2021 - 22h19
Cicero nasceu do cruzamento de Nelson Rodrigues com Plinio Marcos. Pensei num artista incrível, que possivelmente não terá sua obra e seu valor reconhecido. Isso é um retrato do Brasil. De como a cultura não tem o devido respeito.Sergio
23 de Abr 2021 - 09h31
Só a luta traz DignidadeEskilo
22 de Abr 2021 - 21h07
Eles até tentam... Mas nós somos como baratas cada vez mais multiplicando-se, passando os nossos pensamentos e deixando nosso arte. Podem até tentar nos negar o teatro no espaço físico, mas a gente sempre se reinventa e nosso arte sempre aparece para provocar, questiona, educar e desconstruir. Eu sou TU, Tu é EU e NÓS somos UM... Meeeerdaaaa. Quem faz arte vive mais.Julimar Gomes
22 de Abr 2021 - 18h45
Óh Cubatão! Porque me negas?!? Seria eu, vergonha para ti minha Rainha?... #culturabrasileira