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Reflexões sobre os caminhos da independência

Espetáculo CAMINHOS DA INDEPENDÊNCIA será apresentada fora de época


A tradicional encenação “Caminhos da Independência” que este ano realiza sua XVI edição, irá fazer uma apresentação fora de época para arrecadar alimentos para ajudar no combate à fome. Tal encenação foi criada baseada na hipótese do que aconteceria se Pedro I, ao invés de subir a Serra, permanecesse aqui, em Cubatão… Bem ali, frente a Estireno, tratando o seu desarranjo intestinal, de modo que recebesse aqui, no Largo do Sapo, as cartas enviadas por Leopoldina, dando conta das últimas sacanagens do governo Português em relação ao “Brasilzão” véio de guerra! Se o grito do Ipiranga fosse dado às margens do Rio Cubatão, o que mudaria em nossa história?

Talvez a estima do povo cubatense fosse mais elevada. Talvez, o destino de ser uma via de passagem fosse mudado e Cubatão teria se tornado protagonista na Baixada, que seria chamada então, de “Baixada Cubatense”.

Eu tive o privilégio de escrever, o Lourimar Vieira pode corrigir-me, mas acho que pelo menos dez versões dessa história. E, para mantê-la fresca de um ano para o outro, modifiquei sempre o foco secundário, falando de sentimentos locais, por exemplo: a luta dos emancipadores foi lembrada. Vinculando a realidade da época com os tempos atuais, por que afinal, não há grande diferença entre os que lutaram pela independência e os que gritaram ferozes contra o aumento de vinte centavos. Não são somente os vinte centavos, a gente sempre soube. Trouxe para encenação o testemunho de Afonso Schmidt, o filho mais ilustre dessa terra, cujo busto em bronze foi roubado da praça que a quem deu o nome – Coisas dessa cidade despedaçada, assombrada, vilipendiada, roubada, anos após anos, pelos mesmos que juraram defendê-la em cerimônia pública.

Não podemos mudar o passado, nem sonhar com presunções estapafúrdias que poderiam, ou não, modificar o modo como esse povo se vê, porém, passou da hora de toda a gente que ama essa cidade exigir um presente melhor.

O Teatro do Kaos nos oferece mais uma oportunidade para essa reflexão, nesse sete de setembro fora de época, nesse país fora dos eixos, nesta cidade que carrega a cicatriz de uma grandeza nunca alcançada, temos a oportunidade de rever os caminhos em que temos andado. Ver, aonde nossos pés e decisões têm nos levados e que caminhos queremos trilhar.

Os caminhos da independência são hoje, uma vereda esquecida onde o mato cresce, apagando as pegadas daqueles que tentaram, por enquanto, em vão, assinalar uma estrada. O que me lembra os versos mais conhecidos do Senhor Schmidt – “Minha terra não passa de uma estrada, um bambual que rumoreja ao vento; sol de fogo em areia prateada, deslumbramento e mais deslumbramento”.


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Comentários

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07 de Ago 2024 - 21h46

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binance

05 de Mar 2024 - 00h11

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