Em 1965, a empresa Clorogil, inicia em Cubatão as operações da fábrica que produz pesticidas organoclorados que viriam ser conhecido popularmente como “pó-da-china”.
Assim nasceu o Pólo Petroquímico e Siderúrgico de Cubatão, coincidindo com o regime militar e pelo golpe de Estado de abril de 1964. Os militares e as classes dominantes conservadoras tomaram o poder e iniciou uma ditadura que se prolongou por mais de vinte anos.
A Baixada Santista se transformou em “área de segurança nacional”- uma região livre para o exercício de um autoritarismo brutal, contra a população e a classe trabalhadora.
A truculência e o ódio desses setores, duas histórias refletem de forma emblemática este período – o “navio-presídio Raul Soares” e o “caso Rhodia“.
E quem não lembra do navio Raul Soares, simbolizando a força de um sistema de repressão monstruoso na Baixada Santista que hoje sendo revelado os seus bastidores de um sistema de opressão e barbárie.
O “caso Rhodia” vai ser contado, sem que se perca na linha do tempo dessa história de crimes cometidos por um sistema de terror e impunidade.
Esses dois episódios mostram faces de uma mesma moeda. A violenta repressão de um lado, a exploração do homem e da natureza do outro. Ambas visando o poder e o lucro. Elas não podem ser esquecidas para que não se repitam.
Uma das principais metas dos militares era abrir a economia para as multinacionais e entrar para o mundo capitalista moderno. O Brasil deveria se tornar uma grande potência.
Cubatão foi o exemplo mais concreto desse modelo – o retrato em preto e branco daqueles tempos obscuros. O pólo industrial produziu uma das cidades mais poluídas do planeta – conhecida no mundo como o “Vale da Morte”.
E no conjunto desse pólo industrial, que degradou de forma irreversível parte vital dos ecossistemas de toda a região, a multinacional francesa chegou ao Brasil em 1919.
Nestes anos todos, transgrediu leis da livre concorrência através de monopólios, poluiu rios (Rio Mariana – São Vicente e Margem do Rio Perequê em Cubatão), contaminou a flora, fauna e áreas habitadas na Baixada Santista, como Pilões em Cubatão, e área Continental em São Vicente.
Apesar de tudo, existem levantamentos, reportagens, entrevistas, laudos técnicos e periciais, trabalhos acadêmicos e pesquisas de centros universitários produzidos sobre a poluição em Cubatão e, especificamente, sobre o “caso Rhodia”.
Em 1965, a empresa Clorogil (subsidiária da multinacional francesa PROGIL) em sociedade com a Rhône-Poulenc, iniciam em Cubatão as operações da fábrica que produz pesticidas organoclorados denominados pentaclorofenol e pentaclorofenato de sódio, ambos viriam ser conhecido popularmente como “pó-da-china”.
O estudo mais completo e abrangente foi escrito pela Dra. Agnes Soares Mesquita, médica sanitarista, que desenvolveu um longo trabalho junto à população de Samaritá, no município de São Vicente, a área mais intensamente contaminada pelos “lixões da Rhodia”. veja aqui
É a “Dissertação de Mestrado” à Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo, “Resíduos tóxicos industriais organoclorados em Samaritá: um problema de saúde pública”- 1994, que coloca os problemas da contaminação por produtos químicos tóxicos e a saúde pública dentro de um cenário amplo.
São analisados de forma abrangente e critica os aspectos políticos, sociais, econômicos, empresariais e de administração pública que geraram esta tragédia ambiental e humana. Baseado em pesquisa prolongada e consistente, o estudo apresenta também uma bibliografia específica sobre o tema e, ao mesmo tempo, interdisciplinar. A “Dissertação” da Dra. Agnes é um ponto de referência indispensável para qualquer trabalhado que venha a ser realizado sobre o assunto.
Outra fonte é o livro do advogado americano Russel Mokhiber: “Crimes Corporativos”, editado agora pela Scritta, que relata as catástrofes ambientais e os crimes contra populações inteiras provocados pelas multinacionais.
Crimes idênticos aos cometidos pela Rhône-Poulenc no Brasil. Leitura obrigatória para quem mora na Baixada Santista, e bebe a água que vem de rios contaminados, por resíduos organoclorados depositados às margens do rio Cubatão e Pilões pela multinacional francesa.
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08 de Mai 2023 - 04h17
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