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Júlio César e sua gestão na República de Roma

Como AGENTE POLÍTICO aplicou diversos princípios da administração pública.


O maior POPULARIS de Roma foi Caio Júlio Cesar, conhecido pelos contemporâneos como Caio César e pela história como Júlio César. Nasceu no ano 100 a.C. e foi assassinado em 15/03/44 a.C.

Em batalha era amado pelas tropas que chefiava como um empolgante chefe militar: audacioso, impunha disciplina férrea e garantia recompensas dos saques.

Estátua no Museu do Louvre

Mas também era conhecido como extravagante gastador de dinheiro emprestado no começo da carreira. Grandes somas passaram por suas mãos permitindo-lhe ORGANIZAR EXÉRCITOS, FRAUDAR ELEIÇÕES e ADQUIRIR INFLUÊNCIA POLÍTICA.

Pintura de Anton Von Werner (1843-1915) retratando a opulência de um banquete romano.

A organização do sistema político administrativo de Roma parecia com os modelos atuais. Aqueles que desempenhavam funções administrativas eram chamados de MAGISTRADOS. O cargo mais alto era o Cônsul: O chefe do executivo da época.

IMAGEM: https://pt.quora.com/Quais-s%C3%A3o-alguns-fatos-interessantes-sobre-os-c%C3%B4nsules-romanos

Um dos primeiros atos de Julio Cesar quando foi eleito Cônsul foi mandar divulgar diariamente as ações do Senado e das Assembléias, com prestação de contas mais clara aos cidadãos. Também atualizou e deu mais praticidade às listas de registro de eleitores.

O historiador Plutarco criticou César por promulgar leis, durante seu primeiro consulado (59 a.C.), destinadas simplesmente a “agradar à plebe”. Acusado de “introduzir leis para melhorar as condições de vida dos pobres”, Julio César fundou colônias para veteranos de seu exército e plebeus romanos.

Se Júlio César tivesse rede social.

Organizou diversões e festas públicas, projetou uma série de medidas para impedir que o Rio Tibre inundasse a cidade de Roma, impôs nova regulamentação para o trânsito e cuidou da manutenção das estradas.

IMAGEM: https://post-italy.com/historia-de-roma-nas-placas-milenares-das-enchentes-do-tibre/

Planejou drenar terrenos alagados, usando as terras para empregar milhares de pessoas na agricultura.

Ordenou que grandes proprietários de terras usassem no mínimo 1/3 de trabalhadores livres ao invés de escravos, para DIMINUIR o DESEMPREGO, a CRIMINALIDADE e os LUCROS ABSURDAMENTE ALTOS dos proprietários.

Na área ECONÔMICA ele foi ousado.

  • DEPOSITOU a riqueza de inimigos vencidos no tesouro do Estado para ser distribuída como presentes e benefícios para os cidadãos romanos.
  • PERDOOU um ano inteiro de aluguel para moradias modestas e moderadas.
  • Deu ALÍVIO para o desespero de uma grande classe de endividados, permitindo que as dívidas fossem pagas de acordo com taxas de juros mais baixas (aquelas vigentes antes da guerra).
  • IMPÔS limites para usura de credores, proibindo ao mesmo tempo de cobrar judicialmente juros de mora que excedessem a soma do empréstimo original.
  • ORDENOU que todos os juros já pagos fossem deduzidos do principal.
Moedas de ouro, prata, bronze e outros metais do Império Romano. Essa moeda era chamada denário (denarius), que acabou originando a palavra dinheiro na língua portuguesa. Foto: Bukhta Yurii / Shutterstock.com

Segundo a lei romana, o devedor que não pudesse cumprir suas obrigações tornava-se servo do credor. Foi Júlio Cesar quem deu aos devedores o direito de ceder suas propriedades ao credor, fosse ou não suficiente, sem precisar abrir mão de sua liberdade pessoal, máxima utilizada nas atuais leis de falência.

Ainda na área econômica ele quase criou um IMPOSTO sobre GRANDES FORTUNAS com as seguintes medidas:

  • AUMENTOU as taxas sobre importados de luxo para encorajar a produção nacional italiana e obrigar os ricos a pagarem algo ao tesouro público por seu extravagante modo de vida.
  • PROIBIU o acúmulo de vultuosas somas de dinheiro em espécie.
  • Em 49 a.C. TENTOU fazer cumprir uma lei que limitava a posse privada a 15 mil dracmas em ouro ou prata, impedindo que qualquer um fosse dono de fortunas incomensuráveis.
  • ACRESCENTOU o castigo do CONFISCO DE PROPRIEDADE aos INDIVÍDUOS RICOS que assassinassem um cidadão. Antes, a pena máxima era o EXÍLIO.

No quesito medidas contra CORRUPÇÃO: Tentou impor administração honesta nas províncias, expulsou do Senado muitos senadores associados ao saque das províncias e reduziu o numero de beneficiados pela doação de grãos, acabando com as listas inflacionadas de recipientes fraudulentos.

Já como INCLUSÃO SOCIAL e DESENVOLVIMENTO, garantiu à população judaica da cidade o direito de praticar o judaísmo, religião que assustava pagãos politeístas por seu monoteísmo. Os romanos gostavam de DEUSES e não de apenas UM DEUS.

IMAGEM: https://mitologiagrega.net.br/deuses-romanos/

Também concedeu cidadania a todos os médicos praticantes e professores de artes liberais para encorajá-los a ficar em Roma.

IMAGEM: https://conhecimentocientifico.com/roma-antiga-costumes-politica-e-a-vida-no-maior-imperio-da-historia/

Sobre COALIZAÇÃO POLÍTICA, ele suspendeu o banimento de famílias dos seus inimigos de guerra, poupando a vidas deles e restituindo propriedades, honras e cargos.

Cuidou que mais da metade dos magistrados fossem nomeados por ele, mais uma vez contornando o Senado, aumentando o numero de integrantes. Desta forma teria o controle de tudo.

Cícero, no Senado Romano: a origem do termo e da deferência aos tribunos de Roma. https://www.theeagleview.com.br/2016/07/origem-do-tratamento-de-doutor-ao.html

Com relação à EDUCAÇÃO a coisa era um pouco mais complexa.

A primeira escola de retórica latina, aberta em Roma por volta de 95-93 a.C., foi fechada logo depois por CENSORES ARISTOCRÁTICOS que acharam que os DIRETORES destas escolas estavam prescrevendo tópicos politicamente inaceitáveis. Em outras palavras, não podia ensinar aquilo que os poderosos não gostavam.

IMAGEM: https://www.romapravoce.com/escola-na-roma-antiga/

Durante seus mandatos consulares, Júlio César reabriu todas as escolas populares de oratória, garantindo o direito a LIBERDADE DE EXPRESSÃO e MANIFESTAÇÃO CULTURAL.

Pretendendo dotar Roma das melhores bibliotecas públicas possíveis, em 47 a.C., fez planos para um nova biblioteca nos moldes da de Alexandria, projeto que ficou inacabado com a sua morte 3 anos depois. Apesar que ele é acusado de ter colocado fogo na biblioteca de Alexandria.

IMAGEM: https://www.todamateria.com.br/biblioteca-de-alexandria/

Mas a reforma mais duradora e indiscutível de Júlio César foi a RECONSTRUÇÃO do calendário Romano.

No ano 45 a.C, descobriram que o CALENDÁRIO LUNAR ROMANO estava quase 3 meses atrás do ANOSOLAR, daí os feriados caíam fora de estação e as estimativas de colheitas não estavam mais tão confiáveis.

Calendário medieval Juliano do séc. XV com representação solar, do zodíaco e agrícola
 (col. Biblioteca de Berlim)

Júlio César reuniu seus melhores astrônomos e matemáticos pra resolver o problema, e, abandonando o ANOLUNAR, passaram a harmonizar o movimento SOLAR com o TEMPO, inventando um sistema mais preciso do que qualquer outro: ele inventou o CALENDÁRIO JULIANO que foi usado por mais de 1.600 anos.

Mas, em 1.582 d.C., o papa Gregório XIII descobriu que no sistema criado por Julio Cesar havia um erro de 11 minutos. Ele corrigiu o sistema de anos bisextos ADIANTANDO o calendário em 10 dias, e por isso que chamamos de calendário gregoriano, mas, na verdade, é o calendário juliano com alguns ajustes.

Os romanos marcavam o tempo com base na lendária origem de sua cidade. Julio Cesar foi assassinado no ano 710 A.U.C. (ab urbe condita), ou seja, 710 anos da fundação de Roma.

IMAGEM: https://slideplayer.com.br/slide/11567492/

O sistema a.C-d.C distinguindo as eras “não cristã” da “cristã”, só foi inventado em 1277-1280 da Fundação de Roma. Portanto dizemos que Julio Cesar foi assassinado em 44 a.C. e a mudança só ocorreu em 523 d.C.

Como vimos, Júlio Cesar foi patrono das artes, da educação e tinha curiosidade especial por Astronomia. Tido como orador insuperável, era capaz de agitar multidões e de comover corações com suas palavras: ELOQUENTE, ESPIRITUOSO, LÚCIDO e dotado de vocabulário retórico variado e preciso.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

O assassinato de Júlio César: uma história popular da Roma Antiga / Michael Parenti; tradução Berilo Vargas. Rio de Janeiro: Record, 2005


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Comentários

Antonio Sucre: Um dos libertadores da América - TPC Notícias

20 de Nov 2023 - 14h12

[…] Júlio César e sua gestão na República de Roma […]

gate.io forbidden access futures

04 de Mai 2023 - 10h33

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